Digas qual bandeira sua marca levanta, que sua comunidade defenderá quem ela é.


O medo do posicionamento te coloca em cima do muro; e estar em cima muro já é um posicionamento.
Este posicionamento, por “não se posicionar”, não é um lugar muito bem visto pelo público, como mostram as pesquisas.



A impressão e o sentimento que o público tem sobre assuntos importantes, relacionado a marcas e produtos, é a causa.
Toda causa tem um objetivo a ser atingido, que provocará mudanças de ação, comportamento e valores.

O marketing relacionado à causa (MRC) pode influenciar uma mudança de comportamento que beneficiará uma comunidade. E uma comunidade tem um poder de influência muito grande na decisão de compra. Assim, como Debora Alcântara sintetizou:
“As pessoas encontram nas comunidades afinidades naturais, ou seja, outras pessoas que acreditam no que elas acreditam.”
Colocar o bem estar social na frente da empresa, é estratégico e político também. Ambos implicam em fatores que podem gerar lucratividade direta e indiretamente; e toda empresa precisa ter lucro ou não sobrevive. O desafio é pensar além do lucro.

Não basta escolher uma causa aleatória e colocar o seu negócio para defendê-la. É preciso alinhar a causa aos valores para efetivamente se comprometer e levantar uma bandeira.
Ao empreender, com uma causa alinhada aos valores, fazemos parte de uma comunidade em torno de algo, logo, conseguimos nos identificar com o nosso público, encontramos a voz da nossa persona e, assim conseguimos mais uma maior clareza na construção do nosso propósito.
Todo mundo não é meu cliente, não quero todo e qualquer dinheiro. Minha empresa, minhas regras, minhas causas. Esse é um dos meus valores inegociáveis, essa é a minha ética como empreendedora.  

Mas, escolher uma causa é político, no sentido de ser pertinente a cidadania, de atender a sociedade. E isso pode ter um impacto financeiro.

O pensamento de causa não é necessariamente humanitário, é também mercadológico, uma vez que toda tomada de decisão empresarial é (ou deveria ser) baseada na diminuição de riscos e aumento de lucratividade.

Como?

As redes sociais, por exemplo, estão proporcionando novas possibilidades de comunicação e interação com os consumidores, e estes passam a ser os transmissores de mensagens. O velho boca a boca, é digital e, principalmente orgânico, em torno de uma comunidade e sua causa. O investimento em uma rede social é financeiramente mais acessível que uma ação publicitária.

Outro exemplo é a contratação de profissionais pertencentes à minorias políticas. Gerar oportunidade aqueles que darão mais valor às causas traz um efeito positivo, como a redução de turnover (taxa de rotatividade de colaboradores dentro de uma empresa), redução essa que também é um fator relacionado a despesas de capital.

Um fortalecimento de valor alinhado estrategicamente a uma causa, reflete um posicionamento de marca e isso diminui riscos e aumenta a lucratividade.

Seria a mais valia do capitalismo retornando de forma humanizada?

Acredito que sim, pois trata-se de zelar pelo que é seu de forma humana. Segundo a autora Lala Deheinzelin, no Movimento Crie Futuros:
“Cuidar é o propósito. No cuidar estão muitas das atividades do futuro: cuidar não apenas da natureza, mas das pessoas, cidades, saberes e fazeres, tempo, relações, modos de vida...o futuro terá menos emprego, mas haverá muito trabalho no “cuidar de”, que deveria ser prioridade nas políticas nacionais.”
A humanização no empreendedorismo ainda não é altruísta, não é uma mudança de pensamento em prol exclusivamente de uma sociedade. Ter paz nos negócios ainda é ter dinheiro. Dinheiro não é vilão, é resultado, é ter dignidade para sobreviver do trabalho, e isso sim traz a paz que a tal mudança do mindset promete.

Ainda estamos longe do ideal do empreendedorismo humanizado e, talvez esta máxima tampouco aconteça num futuro, pois poderá ser mais fluído do que se imagina. 

O caminho do empreendedorismo não é doce, principalmente no Brasil, onde as estatísticas de fracassos são bem maiores que as de sucesso. 

No entanto ter uma causa dentro dos pilares da operação, seja ela por motivos mercadológicos ou humanitários, fortalece os valores auxiliando na construção do propósito e do posicionamento de um negócio.

Podemos racionalizar, considerando as ações de causa como estratégicas, ou romantizar, construindo um propósito fundamentado na humanização. Não importa. Levantar uma bandeira hoje através da sua marca mostra a sua verdade e é fundamental para estar no game.

Referencias:

Barboza, Giselle. A revolução protagonista. Comunidade Efeito Orna. 27/09/2019. Link: https://comunidade.efeitoorna.com/blog/a-revolucao-protagonistaAcesso em 02/10/2019
Alcântara, Debora. Brand is the new (old) influencer. Comunidade Efeito Orna. 29/07/2019. Link: https://comunidade.efeitoorna.com/blog/brand-is-the-new-old-influencer Acesso em 02/10/2019
KOTLER, Philip. Administração de Marketing: Analise, Planeamento e Controle. ATLAS; Edição: 5ª (1 de janeiro de 1998)
GUERRA, Facundo. Empreendedorismo Para Subversivos: Um Guia Para Abrir Seu Negócio No Pós-capitalismo. Planeta Estratégico: Kindle.
DEHEINZELIN, Lala. Desejável Mundo Novo. Claudia Deheinzelin. Edição: 1ª 2012
DEARO, Guilherme. 83% dos brasileiros compraram de marcas alinhadas com seus valores pessoais. Revista Exame 21/03/2019. Link: https://exame.abril.com.br/marketing/brasileiros-marcas-valores-pessoais/ Acesso em 02/10/2019

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